terça-feira, 15 de maio de 2018

TCU emite parecer sobre gestão de pessoas da UFFS

O Levantamento de Governança e Gestão Públicas 2017, elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), no que se refere à Gestão de Pessoas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e resultados da Enquete Saúde do Servidor realizada pelo Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS) no último mês de março são reveladores da situação que está se naturalizando na UFFS. Precisamos divulgar e problematizar a questão, sob pena de nos acostumarmos com a cultura autoritária e arbitrária implantada pela atual gestão.

Há anos, mesmo antes da fundação do SINDTAE, os servidores da UFFS, tanto TAEs quanto docentes, têm apontado e sugerido ações para melhorias na política de gestão de pessoas na universidade. Porém, o que encaramos no cotidiano de nosso trabalho são ações reacionárias, pouco dialogadas — ou falaciosamente dialogadas, num eterno blá-blá-blá — sem medidas efetivas que demonstrem preocupação com a permanência e a saúde do trabalhador no âmbito da instituição.

Foram vários PADs aos chamados "insurgentes", ações de assédio, represálias a servidores grevistas, descumprimento de acordos, alterações de resoluções visando prejuízo à categoria TAE e acarretando na necessidade de impetração de ações judiciais para resguardar direitos. Os mecanismos adotados para manutenção do "poder pelo poder" em nada coadunam com os ideais de uma universidade "pública, popular e democrática" da UFFS, os quais seguida e oportunamente são emanados nos discursos de seus gestores.

Analisando o teor do relatório, a figura abaixo resume estatisticamente que teoria e prática na UFFS são realidades distintas:

Perfil de Governança e Gestão Públicas 2017 - UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul

Metas com índices elevados (a teoria):
1110 - Estabelecer o modelo de governança da organização; 2120 - Estabelecer a estratégia da organização.
Metas com índices pífios (a prática):
1120 - Gerir o desempenho da alta administração; 1130 - Zelar por princípios de ética e conduta; 2110 - Gerir os riscos da organização; 213P - Promover a gestão estratégica – para Pessoas; 4110 - Realizar planejamento da gestão de pessoas; 4120 - Definir adequadamente, em termos qualitativos e quantitativos, a demanda por colaboradores e gestores; 4140 - Assegurar a disponibilidade de sucessores qualificados; 4150 - Desenvolver as competências dos colaboradores e dos gestores; 4160 - Construir e manter ambiente de trabalho ético e favorável; 4170 - Gerir o desempenho dos colaboradores e dos gestores; 4180 - Favorecer a retenção dos colaboradores e dos gestores.
Fonte: TCU, 2018.

Comparada a outros órgãos, a UFFS está abaixo da média em nada menos de 11 dos 16 indicadores de governança de gestão de pessoas avaliados pelo Tribunal, obtendo inaceitáveis índices nulos em dois deles. A média da UFFS, refletida nos índices de governança e gestão de pessoas (iGovPessoas) e de capacidade em gestão de pessoas (GestãoPessoas) foi de 31% e 20%, respectivamente. Se esta fosse uma avaliação acadêmica, a aluna UFFS estaria em sérios apuros e não passaria à próxima fase.

O próprio documento emitido pelo TCU recomenda que a universidade dê plena publicidade a estes indicadores, o que não ocorreu até o fechamento desta matéria.

Saúde preocupante


Concomitantemente a isso, a unidade local do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS-Chapecó) realizou recentemente uma pesquisa com servidores dos órgãos federais de sua abrangência, incluindo todos os campi da UFFS, IFSC-Oeste, PRF, INSS, entre outros. Responderam 811 servidores, dos quais 562 são da UFFS, o que representa 70% dos entrevistados. Os dados levantados com índices de transtornos relacionados a saúde mental e de situações de assédio moral no ambiente de trabalho são estarrecedores.

Dentre os servidores amostrados, 72% relataram possuir algum tipo de transtorno mental (ansiedade, tristeza, alteração de humor). Alarmantes também foram os relatos referentes a ocorrências de assédio moral no ambiente de trabalho, sendo que mais de 30% dos servidores alegaram sofrer ou ter sofrido algum tipo de assédio.

Que rumos são estes? A Gestão de Pessoas da UFFS caminha na esteira da precarização do trabalho. Por vezes MASCARA e por vezes ESCANCARA uma face que permanece igual — irredutível, intransigente, retrógrada e aniquiladora — desde a criação da universidade.

O que queremos com isso tudo? Denunciar, sim. Provocar o debate, sim. Mas, acima de tudo, tirar da gaveta do reitor pautas caríssimas à categoria dos TAEs. Afinal, somente através do diálogo produtivo, com encaminhamentos sérios e comprometidos, teremos condições de reverter os dados e danos acima descritos.


Não esqueça: dentre tantas opções, fizeram escolhas por nós:

Gerir máquinas ao invés de gerir pessoas



Buscar referências no retrocesso e abrir mão dos princípios democráticos


Aplicar pesos e medidas diversos, em nome de conveniência e "boa relação" com o MEC Golpista