quarta-feira, 30 de maio de 2018

NOTA DO SINDTAE/UFFS SOBRE A GREVE DOS CAMINHONEIROS


    O Sindicato dos Trabalhadores(as) Técnico-administrativos em Educação de Universidades Federais das cidades de Chapecó, Estado de Santa Catarina, Cerro Largo, Erechim e Passo Fundo, Estado do Rio Grande do Sul, Laranjeiras do Sul e Realeza, Estado do Paraná - (SINDTAE/UFFS) vem a público externar seu apoio aos caminhoneiros autônomos ou precariamente empregados, que diante das péssimas condições de trabalho paralisaram as atividades.
      Trata-se de um contingente expressivo de trabalhadores que amargam, assim como todos nós, a entreguista política de gestão e de preços dos dirigentes da Petrobrás, a qual tem valorizado os interesses do mercado em detrimento da sociedade como um todo. Neste mesmo sentido, são explorados diante da força das empresas transportadoras que se aproveitaram do movimento para obter mais benefícios para si (como por exemplo, a não reoneração da sua folha de pagamentos e as empresas terem a possibilidade de prestarem serviços na CONAB sem licitações). Entendemos que as razões que conduzem esta greve são muitas e complexas, desde a “pejotização” dos autônomos com a negação de seus direitos trabalhistas até as próprias condições estruturais para o desempenho das atividades daqueles que mantêm algum vínculo empregatício. Esperamos que a discussão sobre a precariedade deste trabalho no Brasil não se esgote com o fim da paralisação.
      Entendemos que o apoio aos caminhoneiros é o apoio pela luta dos trabalhadores como um todo, por isso, reduzir impostos que incidem sobre o sistema previdenciário é jogar a conta de volta para o trabalhador que, muitas vezes, desconhece as reais consequências desta política reacionária praticada pelo governo federal. Isso apenas demonstra a necessidade cada vez mais premente de se rever a forma de tributação atualmente praticamente no país, em que os mais pobres são muito mais onerados do que aqueles que possuem mais dinheiro.
     Há de se aprofundar as discussões, pois tomadas de posições a partir de crises específicas não resolvem os problemas estruturais em que estamos inseridos, tais como a necessária superação do paradigma energético baseado em combustíveis fósseis.
     Em que pese a força da mídia tentando desmerecer o movimento, instigando a existência de prejuízos à saúde pública, por exemplo, lembramos que a Emenda Constitucional 95 congela por 20 anos os investimentos na saúde e na educação é muito mais prejudicial para a população. Em 2016, nós TAEs, encampamos a luta contra a PEC 55, mas infelizmente fomos vencidos. Destaque-se ainda o fato de que os caminhoneiros não tem impedido a circulação desse tipo de produtos, ou seja, é perceptível a tentativa de jogar a sociedade contra um movimento legítimo.
      Além disso, a ameaça clara de utilização das forças de segurança, principalmente as militares, contra o movimento é outro exemplo do caráter truculento dos governos para com os trabalhadores que têm como último recurso paralisar suas atividades, pois essa é a única forma que encontram para iniciar o diálogo.
      Nesse sentido, o SINDTAE/UFFS repudia as medidas de repressão ao movimento, as tentativas de cooptação de pautas para benefício das transportadoras ou as manifestações pela intervenção militar, assim como se solidariza com essa importante luta, que deve nos direcionar na busca incessante por saídas democráticas e calcadas no bem estar da população, sem precarização e com valorização do trabalhador.
     Por fim, como trabalhadores que somos, conhecedores das dificuldades de encampar uma greve, sabedores dos meandros patronais para acuar os movimentos e minimizar os possíveis impactos de uma paralisação, repudiamos também a falta de bom senso com que a administração central da UFFS trata seus servidores neste momento em que temos nossas condições mínimas de trabalho instáveis. Sim repudiamos, pois entendemos que conseguir chegar ao local de trabalho é uma condição mínima para execução do mesmo. Com as aulas suspensas, reuniões canceladas, falta de combustível nos carros próprios, poucos ou nenhum horário de transporte coletivo, estamos imersos numa sombria realidade de falta de orientações uniformes e claras e de compreensão do que é o trabalho técnico-administrativo em educação na UFFS. Mais uma vez a categoria dos técnicos é “utilizada” para dar ares de normalidade à UFFS. Lamentável, repudiamos por completo esta falta de trato com as PESSOAS que trabalham nesta universidade.
      Nos colocamos à disposição da categoria para auxiliar nas demandas decorrentes da falta de clareza e isonomia a que estamos submetidos.
      Seguimos na luta justa, por toda categoria de trabalhadores que ousar enfrentar os ditames de governos e patrões indiferentes à dignidade humana e às condições mínimas de trabalho. Que tenhamos força para apoiar, defender e nos unirmos a categorias como a dos petroleiros e outras tantas que se levantarão em breve, em nome da democracia, das estatais e da justiça social no Brasil.

Coordenação Geral do SINDTAE


Chapecó, 30 de maio de 2018.

terça-feira, 15 de maio de 2018

TCU emite parecer sobre gestão de pessoas da UFFS

O Levantamento de Governança e Gestão Públicas 2017, elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), no que se refere à Gestão de Pessoas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) e resultados da Enquete Saúde do Servidor realizada pelo Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS) no último mês de março são reveladores da situação que está se naturalizando na UFFS. Precisamos divulgar e problematizar a questão, sob pena de nos acostumarmos com a cultura autoritária e arbitrária implantada pela atual gestão.

Há anos, mesmo antes da fundação do SINDTAE, os servidores da UFFS, tanto TAEs quanto docentes, têm apontado e sugerido ações para melhorias na política de gestão de pessoas na universidade. Porém, o que encaramos no cotidiano de nosso trabalho são ações reacionárias, pouco dialogadas — ou falaciosamente dialogadas, num eterno blá-blá-blá — sem medidas efetivas que demonstrem preocupação com a permanência e a saúde do trabalhador no âmbito da instituição.

Foram vários PADs aos chamados "insurgentes", ações de assédio, represálias a servidores grevistas, descumprimento de acordos, alterações de resoluções visando prejuízo à categoria TAE e acarretando na necessidade de impetração de ações judiciais para resguardar direitos. Os mecanismos adotados para manutenção do "poder pelo poder" em nada coadunam com os ideais de uma universidade "pública, popular e democrática" da UFFS, os quais seguida e oportunamente são emanados nos discursos de seus gestores.

Analisando o teor do relatório, a figura abaixo resume estatisticamente que teoria e prática na UFFS são realidades distintas:

Perfil de Governança e Gestão Públicas 2017 - UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul

Metas com índices elevados (a teoria):
1110 - Estabelecer o modelo de governança da organização; 2120 - Estabelecer a estratégia da organização.
Metas com índices pífios (a prática):
1120 - Gerir o desempenho da alta administração; 1130 - Zelar por princípios de ética e conduta; 2110 - Gerir os riscos da organização; 213P - Promover a gestão estratégica – para Pessoas; 4110 - Realizar planejamento da gestão de pessoas; 4120 - Definir adequadamente, em termos qualitativos e quantitativos, a demanda por colaboradores e gestores; 4140 - Assegurar a disponibilidade de sucessores qualificados; 4150 - Desenvolver as competências dos colaboradores e dos gestores; 4160 - Construir e manter ambiente de trabalho ético e favorável; 4170 - Gerir o desempenho dos colaboradores e dos gestores; 4180 - Favorecer a retenção dos colaboradores e dos gestores.
Fonte: TCU, 2018.

Comparada a outros órgãos, a UFFS está abaixo da média em nada menos de 11 dos 16 indicadores de governança de gestão de pessoas avaliados pelo Tribunal, obtendo inaceitáveis índices nulos em dois deles. A média da UFFS, refletida nos índices de governança e gestão de pessoas (iGovPessoas) e de capacidade em gestão de pessoas (GestãoPessoas) foi de 31% e 20%, respectivamente. Se esta fosse uma avaliação acadêmica, a aluna UFFS estaria em sérios apuros e não passaria à próxima fase.

O próprio documento emitido pelo TCU recomenda que a universidade dê plena publicidade a estes indicadores, o que não ocorreu até o fechamento desta matéria.

Saúde preocupante


Concomitantemente a isso, a unidade local do Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor (SIASS-Chapecó) realizou recentemente uma pesquisa com servidores dos órgãos federais de sua abrangência, incluindo todos os campi da UFFS, IFSC-Oeste, PRF, INSS, entre outros. Responderam 811 servidores, dos quais 562 são da UFFS, o que representa 70% dos entrevistados. Os dados levantados com índices de transtornos relacionados a saúde mental e de situações de assédio moral no ambiente de trabalho são estarrecedores.

Dentre os servidores amostrados, 72% relataram possuir algum tipo de transtorno mental (ansiedade, tristeza, alteração de humor). Alarmantes também foram os relatos referentes a ocorrências de assédio moral no ambiente de trabalho, sendo que mais de 30% dos servidores alegaram sofrer ou ter sofrido algum tipo de assédio.

Que rumos são estes? A Gestão de Pessoas da UFFS caminha na esteira da precarização do trabalho. Por vezes MASCARA e por vezes ESCANCARA uma face que permanece igual — irredutível, intransigente, retrógrada e aniquiladora — desde a criação da universidade.

O que queremos com isso tudo? Denunciar, sim. Provocar o debate, sim. Mas, acima de tudo, tirar da gaveta do reitor pautas caríssimas à categoria dos TAEs. Afinal, somente através do diálogo produtivo, com encaminhamentos sérios e comprometidos, teremos condições de reverter os dados e danos acima descritos.


Não esqueça: dentre tantas opções, fizeram escolhas por nós:

Gerir máquinas ao invés de gerir pessoas



Buscar referências no retrocesso e abrir mão dos princípios democráticos


Aplicar pesos e medidas diversos, em nome de conveniência e "boa relação" com o MEC Golpista