terça-feira, 28 de julho de 2020

Sem aulas presenciais não há necessidade de os TAEs serem expostos a riscos



Resultados da pesquisa sobre Trabalho Remoto
e perspectivas de retorno ao presencial na UFFS

O SINDTAE realizou uma pesquisa com a categoria dos técnicos administrativos em educação da UFFS, através de publicização de convite para preenchimento de formulário eletrônico disponível na plataforma Google Formulários, entre as datas de 06 a 10 de julho de 2020. Essa consulta se deu com o objetivo de levantar dados que permitam ao SINDTAE uma avaliação sobre as condições e os impactos do Trabalho Remoto para a categoria, e a percepção sobre medidas que devem ser implantadas em caso de execução de atividades presenciais durante a pandemia. 
O questionário apresentado foi composto por um total de 13 questões, sendo que 6 foram questões de múltipla escolha e 7 questões abertas. Entre as questões abertas, haviam aquelas que buscaram conhecer um pouco mais sobre a identificação do servidor, como cargo e setor, além de um campo para que fosse possível informar, caso desejasse, seu nome do respondente. Contudo, para fins de divulgação dos resultados, optou-se por preservar a identidade dos servidores. 
Como resultado, foram recebidas 191 respostas ao formulário, o que consideramos muito relevante, principalmente ao considerarmos o fato histórico de que o SINDTAE solicitou por diversas vezes à gestão da UFFS que disponibilizasse uma lista com os e-mails dos TAEs para melhorar a comunicação entre a entidade e a categoria. Apesar dos ofícios protocolados com esse pedido, e mesmo dos contatos pessoais em que tivemos oportunidade de reforçar o pedido e explicar as razões da demanda, ainda assim o SINDTAE nunca teve retorno a essa solicitação. Mas, é interessante mencionar que para a entidade co-irmã SINDUFFS, que representa os docentes, bastou fazer a solicitação por e-mail simples, e foram atendidos no pleito de a administração enviar a listagem com o contato de todos os docentes da UFFS. Há quem defenda que somos tratados isonomicamente enquanto servidores da instituição, porém os fatos e ações da administração continuamente demonstram uma realidade bem diversa, e a categoria tem plena consciência disso.
Feito essa ressalva, apresentaremos a seguir uma sistematização das respostas que se demonstraram como de maior destaque, portanto fazem referência aos pontos que a categoria entende como mais relevantes a serem observados na atual conjuntura, e como condicionantes para um futuro retorno às atividades presenciais. 

1. Perfil dos respondentes 
É importante ressaltar que, do universo de respondentes, há representação de todas as unidades da UFFS, conforme é possível observar no Gráfico 1. Embora não sendo obrigatória a informação acerca de cargo e lotação, aqueles que responderam esses campos do formulário indicam também a uma importante diversidade de representação dos mais variados tipos de atividades desenvolvidas na instituição, sejam das áreas meio ou das áreas fim da universidade. Essa diversidade permite um olhar mais abrangente acerca da leitura que os TAEs realizam sobre sua conjuntura, demonstrativa de como é possível identificar situações coletivas a partir da realidade dos indivíduos. 

Gráfico 1 - Respondentes por campus/unidade

A pesquisa indicou que cerca de um terço dos respondentes (32,46%) utilizavam meios de transporte que envolviam coletividade para se deslocar ao trabalho. Embora não se constitua da realidade da maioria, nessas modalidades de transporte esse percentual é significativo da probabilidade de risco de contágio para os TAEs e demais pessoas que porventura compartilhem os veículos e que não são servidores da UFFS. 

Gráfico 2 - Modalidades de transporte
Outro fator muito importante no que concerne a riscos de contágio é o que está relacionado ao momento das refeições, uma vez que pode envolver interações sociais. Os percentuais demonstram que 70,68% dos TAEs realizavam suas refeições em espaços compartilhados, seja eles na copa da universidade, nas cantinas, nos restaurantes externos ou nos restaurantes universitários da UFFS. 
Por conseguinte, compreendendo que o local de refeição dos servidores TAEs é, para a maioria, um local compartilhado, para o retorno das atividades presenciais e enquanto houver nível de contágio, torna-se imprescindível que a gestão da universidade garanta condições de maior segurança possível, sem as quais se incorre em risco desnecessário à saúde das pessoas. 

Gráfico 3 - Realização de refeições

O indicativo de número de moradores por residência demonstra que haveria alta incidência de contatos cruzados a partir de um retorno às atividades presenciais, mesmo que na forma de revezamento. Do total de respondentes, apenas 15,2% informou que moram sozinhos. Nota-se o quanto a presencialidade dos TAEs impactariam em um grande número de pessoas sob risco de contágio, por maiores e qualificadas que fossem as medidas sanitárias adotadas.
Como referência desse tipo de implicação, podemos citar a notícia publicada pelo jornal El País Brasil, que está disponível no link: https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-06-17/colocar-20-criancas-numa-sala-de-aula-implica-em-808-contatos-cruzados-em-dois-dias-alerta-universidade.html 

Gráfico 4 - Residentes por moradia
Atualmente, diante da necessária e imprescindível implementação do Trabalho Remoto para atividades administrativas, a categoria se encontra diante de uma nova e desafiadora conjuntura para desempenhar suas atribuições. Considerando a reconhecida complexidade dessas atividades, o SINDTAE optou por consultar a categoria de forma mais objetiva acerca das condições de estrutura para o trabalho remoto, buscando verificar quais fatores se demonstram como de maior impacto na qualidade do desempenho das atividades. 

2. Trabalho remoto dos TAEs
O questionário aplicado conteve uma questão que buscou conhecer qual (ou quais) fator/es tinha/m maior/es impacto/s na qualidade do desempenho das atividades. A essa questão, foram apresentadas diversas alternativas de respostas, a fim de que os respondentes pudessem indicar aquela, ou aquelas, que mais estivessem de acordo com suas realidades.
Entre as respostas mais recorrentes, relatavam questões de infraestrutura, como aquelas ligadas à “Ergonomia (mobiliários como mesa e cadeira não adequados)”, a equipamentos de trabalho, como “Computador/notebook antigo que prejudica o desenvolvimento das atividades” ou à falta de equipamento “não ter computador/notebook”. Ressalta-se que a respeito destas questões, a própria UFFS já tem dado conta através da possibilidade de os servidores retirarem os equipamentos do setor e os transferirem para suas residências. Demais pontos relativos à infraestrutura, tais como acesso à internet e aos sistemas se demonstram elegíveis para serem resolvidos de forma institucionalizada.
Apesar da indicação de problemas para o desenvolvimento do Trabalho Remoto, há de se fazer uma fundamental ressalva nesse quesito, as atividades administrativas continuam sendo desenvolvidas de forma qualificada. Dessa forma, se constituiu uma realidade que demonstra ser possível manter a modalidade de Trabalho Remoto por um tempo estendido, contribuindo assim para diminuir chances de contágio. 

Gráfico 5 - Fator(es) de maior impacto na qualidade do desempenho das atividades:

Alguns fatores tais como “Necessidade de dar atenção às demais pessoas do convívio familiar (principalmente crianças)” e “Espaço físico (sala ou quartos que não eram destinados para o trabalho, com circulação de pessoas da família, por exemplo)”, apesar de se constituírem de categorias que extrapolam uma ação direta da instituição, em alguma medida poderiam ser enfrentadas a partir de capacitações/orientações que abordassem formas de organização diante dessas situações.
Entre as questões abertas, recebemos diversas questões importantes, as quais encontram-se sistematizadas a seguir. 
  • Implementação do uso de aplicativo Softphone, o qual permite a utilização da rede telefônica da universidade, permitindo receber e fazer ligações internas e externas através dos ramais dos setores.
  • Levantamento e disponibilização de acessórios adequados, tais como fones de ouvido com microfones de qualidade.
  • Novas capacitações para utilização de sistemas, tais como utilização de serviços de webconferências e principalmente o SIPAC;
  • Normatização e publicização das possibilidades e trâmites de retirada da instituição dos equipamentos para utilização nas residências.
  • Capacitações para chefias e servidores sobre gerenciamento do tempo e das atividades, de modo a evitar prolongamento do tempo de trabalho para além da jornada regular. Há de se buscar também um dimensionamento de prazos de execução de tarefas, o qual considere também condições tais como destinação de tempo para cuidados de filhos, e que não incidam em necessidade trabalhos em finais de semana, por exemplo.
Além do que foi destacado até o momento, é fundamental que os TAEs contribuam na tomada de decisão sobre futuros encaminhamentos acerca do Trabalho Remoto. Para tanto, é importante tomar como ponto de partida, uma avaliação adequada acerca das condições de trabalho e das contribuições descritas neste documento. 
Antes de qualquer abordagem em torno das condições materiais e atitudinais necessárias para um retorno seguro às atividades administrativas presenciais, cabe avaliação acerca de qual seria a necessidade de retomar atividades presenciais dos TAEs sem que as aulas também tenham sido retomadas.
Nesse escopo, podemos afirmar que dos respondentes da pesquisa, 79,58% (152 respostas) entendem que não existe nenhuma necessidade de retorno dos TAEs, enquanto não forem retomadas as aulas presenciais. Os demais, 14,14% (27 respostas), indicaram que o retorno é de baixa necessidade, restringida àquelas atividades essenciais e que sejam realizadas de forma pontual, tais como as relativas à manutenção de pesquisas nos laboratórios ou recebimento de materiais.
Diante de tais dados, grifamos que é possível afirmar que a categoria dos TAEs reforça a baixa ou nenhuma necessidade de retorno às atividades administrativas, enquanto as aulas presenciais estejam suspensas e enquanto houver risco de contágio, mesmo que em nível baixíssimo. 

3. Condicionantes para um retorno seguro às atividades presenciais
Uma vez que existe a possibilidade de um retorno das aulas presenciais sem que exista vacina ou tratamentos disponíveis para o enfrentamento da Covid-19, fatos que indicam substancial risco à saúde dos servidores e das pessoas com os quais eles têm contato, perguntamos aos TAEs quais medidas materiais e atitudinais eles avaliavam como sendo necessárias que fossem disponibilizadas aos setores, com base nas orientações sanitárias para o período de pandemia.
Das medidas MATERIAIS necessárias, relacionamos a seguir aquelas que demonstraram serem mais recorrentes em menções e relevantes no cômputo das respostas. Depreende-se que a categoria está consciente do quão fundamental é a sua implementação para garantia da mínima segurança sanitária no âmbito da instituição. 
  • Disponibilização de insumos como: álcool 70% de diversos tipos (em gel, em spray e líquido); sabonete líquido, máscaras; luvas descartáveis, panos descartáveis de limpeza, escudos de rosto (face shields), dentre outros Equipamentos de Proteção Individual indicados para uso no enfrentamento à pandemia;
  • Providenciar testes para serem realizados a quem apresentar sintomas na universidade;
  • Aquisição de medidores de temperatura para uso na entrada dos espaços físicos;
  • Promover a ventilação natural nas áreas de trabalho, com consequente autorização para uso de equipamentos que substituem o sistema de ar condicionado, tais como ventiladores e aquecedores.
  • Restrição de uso dos elevadores apenas para casos de acessibilidade a portadores de necessidades especiais.
  • Estabelecimento de protocolos de higienização de materiais e ambientes de uso comuns, com os respectivos recursos para sua implementação.
  • Instalação de divisórias de acrílico transparente (como nos supermercados), que permitam comunicação fluida (visual e sonora) entre os servidores do setor ou no atendimento ao público.
  • Reorganização dos espaços de trabalho de modo a garantir o distanciamento mínimo de 2 metros entre os servidores.
  • Instalação de sinalização com medidores de distância em espaços de atendimento.
  • Disponibilização de espaço físico e bolsas ou sacos plásticos com lacre para acondicionamento para submeter a um período de quarentena todos os livros e demais materiais que tenham sido utilizados e devolvidos.
  • Higienização constante dos espaços físicos e materiais de uso comum.
  • Reorganização dos espaços de atendimento ao público, tais como retirada de espaços para espera e/ou atendimentos concomitantes, equipamentos de higienização e medição de temperatura, e demais insumos. Para o atendimento direto, especialmente quando privativo, precisará ser em sala ampla e ventilada, que permita ao mesmo tempo sigilo (acústica) e distanciamento.
  • Colocação de tapete higienizante na entrada dos edifícios.
É pertinente observarmos que esse roll de condições materiais está mais voltado para a realidade das atividades desenvolvidas pelos TAEs da UFFS. Nesse ponto, é imprescindível que também sejam fornecidas condições materiais para as categorias de estudantes, docentes e terceirizados, conforme as características de suas atividades. Sem serem cobertas todas as circunstâncias e probabilidades é exponencial o risco permanente de contaminação.
Consoante ao atendimento material para um retorno seguro às atividades presenciais, se faz necessário o estabelecimento de protocolos que contemplem as condições ATITUDINAIS que garantam a diminuição do risco de contaminação. Essa complementação fica muito clara principalmente nas situações em que não existem maneiras de promover as devidas condições materiais, tais como a questão de distanciamento entre servidores no mesmo setor. Uma vez que os espaços não comportem a adequação física, há de se configurar ajustes, tais como estabelecimento de escalas de revezamento, por exemplo, e outras medidas como as elencadas abaixo.
  • Servidores que se enquadrem em grupos de risco ou que residam com familiares desses grupos devem continuar afastados das atividades presenciais;
  • Servidores que tenham de cuidar de crianças em idade escolar devem ser priorizados para continuarem em trabalho remoto até o retorno das aulas nas redes de ensino da educação básica;
  • Utilização de testes rápidos para verificar situação de pessoas que manifestem sintomas relacionados à Covid-19;
  • Implantação de sistema de rastreabilidade de contatos, de modo a garantir que sejam identificadas e colocadas em quarentena todas as pessoas que possam ter entrado em contato com quem tiver sido contaminado;
  • Continuidade do registro de ponto apensa por meio do computador, com a interdição dos aparelhos de registro físico;
  • Organização de relatório com levantamento das atividades dos setores que efetivamente demanda a presença presencial de servidores para seu atendimento. As demais devem ser prioritariamente desenvolvidas remotamente;
  • Estabelecimento de escalas com revezamento, não sendo indicado que servidores diferentes ocupem os setores nos mesmos dias. Preferencialmente sempre que possível sugere-se o modelo 1 semana x 2 (ou mais) semanas. Ou seja, o servidor desempenharia suas atividades presencialmente durante uma semana, de preferência sozinho ou com o mínimo de pessoas possível no setor, e outras duas remotamente. Dessa forma os servidores também estariam inseridos em períodos de quarentena constante, de modo a diminuir possibilidades de transmissão. Outra possibilidade é indicar um dia da semana para cada servidor nos setores em que há mais pessoas;
  • Concomitante ao revezamento implementar que ele seja realizado em turnos contínuos de no máximo 6 horas - sem necessidade de compensação posterior das horas restantes, de modo a diminuir a necessidade de utilização de espaços comuns para refeições;
  • Manter espaço de trabalho com distanciamento suficiente para que não seja necessário ficar com máscaras o tempo todo, uma vez que não é saudável permanecer por muito tempo respirando dentro da máscara, assim só utiliza-se quando atender alguém, para se deslocar internamente, etc;
  • Flexibilização dos horários de entradas e saídas dos turnos, de modo a permitir que os servidores que utilizem transporte público possam fazê-lo em horários com menor número de pessoas, bem como diminuição de fluxos de pessoas ao mesmo tempo nas dependências da universidade;
  • Implantação de protocolos para atendimento ao público, tais como formas de agendamento para receber uma pessoa por vez, disponibilização de máscaras aos usuários que porventura não estejam utilizando e a negativa de atendimento na insistência do não uso, quantidade máxima de usuários na biblioteca, formas de controle para respeito das normas dispostas nos protocolos, e demais pontos que devem ser constituídos com a participação da categoria;
  • Estabelecimento de protocolos e formas de cumprimento de normas de comportamento sanitário, tais como uso contínuo e obrigatório de máscaras, higienização das mãos e dos espaços de trabalho, não tocar em equipamentos e local de trabalho dos colegas, manutenção da ventilação dos locais, dentre outros;
  • Instituir normas que restrinjam os locais e número de pessoas participantes de reuniões;
  • Organizar publicação de editais que gerem aumento da necessidade de atendimento presencial para que os mesmos não ocorram ao mesmo tempo, pois experiências anteriores demonstram que ocorreu choque de 6 editais, gerando uma enorme aglomeração no setor;
  • Ampla e constante divulgação dos protocolos estabelecidos e da obrigatoriedade de sua aplicação.

    Não há dúvidas que uma possibilidade de retomada das atividades administrativas de forma presencial incide em uma diversidade de condições que devem ser atendidas. As sugestões apresentadas pela categoria nesta pesquisa não eximem a responsabilidade daqueles que estão atualmente na administração, inclusive por estarem exercendo tais cargos a despeito da vontade e legítimo respaldo da comunidade acadêmica que se manifestou por mais de uma ocasião ter escolhido outro projeto de gestão para a universidade. 

    4. Análise qualitativa das contribuições abertas
    Para finalizar a pesquisa, foi disponibilizada uma questão aberta ao fim do instrumento aplicado, a fim de que os participantes pudessem expressar seus comentários sobre a pandemia em geral, seus efeitos na atuação dos TAEs e para que pudessem realizar sugestões acerca de possíveis ações de enfrentamento da atual conjuntura na UFFS.
    Os dados coletados do questionário aberto demonstram forte insistência de que é possível realizar a maioria das atividades de trabalho de forma remota ou com presença reduzida no local de trabalho. Em que pese a maior adequação do trabalho presencial para alguns fluxos e processos administrativos, as situações podem ser contornadas emergencialmente, mesmo na falta de condições ideais de trabalho remoto. Deve-se, contudo investir em processos que aprimorem a execução remota, pois não há indicativos de curto prazo de volta ao trabalho nos moldes anteriores à pandemia. Além disso, o histórico institucional de privilegiar os atendimentos presenciais prejudicam a execução no modo atual. A não adoção de distanciamento social mais rígido pela sociedade aponta que o prejuízo nas atividades, inicialmente esperado para poucos meses, tende a se estender e tornar cada vez mais difícil a manutenção de experimentos e outras atividades que demandam presença regular constante. A manutenção da suspensão de aulas propicia a execução dos procedimentos presenciais com maior segurança. 
    O retorno às atividades presenciais de trabalho, por falta de segurança, não deve ser realizados de maneira uniforme. A instituição deve manter-se vigilante quanto à minimização de situações que provoquem riscos de contaminação. Deve-se previamente estabelecer protocolos próprios e institucionalizados que orientem as atividades, onde constem nas situações possíveis o revezamento de servidores, manutenção do isolamento de pessoas que compõe grupos de risco, previsão de trabalho remoto para servidores que acompanham dependentes ou pessoas componentes dos grupos de risco, fornecimento pela instituição dos EPIs para prevenção de contágio, disponibilização das mesmas condições para os trabalhadores terceirizados e disponibilização de infraestrutura para trabalho remoto (mobiliário, equipamentos eletrônicos e internet com acesso aos sistemas). 
    Na medida do possível, deve-se ainda estabelecer um cronograma de referência contendo as etapas de retomada dos trabalhos presenciais e uma previsão de intervalo temporal entre essas etapas. A simples indefinição quanto ao retorno ou manutenção do trabalho remoto é apontado como fator de ansiedade e instabilidade no planejamento da execução do próprio trabalho. Para balizar as decisões sobre o retorno às atividades presenciais deve-se manter presente o fato de que as atividades completas da UFFS significam impacto considerável nos índices de isolamento social, provocam aglomerações também fora das estruturas físicas da universidade (como transporte público, por exemplo). A decisão do momento adequado para retomada das aulas presenciais deve considerar o impacto nas cidades e não somente na universidade. Partindo do mesmo princípio, o risco não pode ser particularizado, pois o risco aos TAEs não se limita ao controle dos mesmos. Ser submetido à grande circulação de estudantes não testados constitui-se por si só em risco de contágio.

    4.1 Efeitos do Trabalho Remoto
    Os servidores participantes da pesquisa descreveram uma série de preocupações sobre o modo como o trabalho remoto tem sido realizado. Sempre ressalvando que a situação enfrentada por todos é fruto de uma emergência, portanto sem planejamento prévio, faz-se necessário que a gestão da UFFS entenda o momento atual, menos como transitório e mais como uma nova realidade, para assim incidir sobre os problemas imediatamente encontrados. Destacamos que neste trabalho remoto emergencial, nem sempre os recursos tecnológicos são bons substitutos para os contatos antes realizados pelas vias institucionais (ramal telefônico, por exemplo). As consequências do trabalho remoto adotado sem planejamento incluem sobrecarga de trabalho, diminuição da tolerância ao tempo de resposta, demandas fora de expediente e excesso de reuniões e eventos online. As chefias não têm atuado sob padrão institucional. Servidores relatam, por exemplo, exigência de apresentação de relatórios diários sobre as atividades realizadas, o que prejudica o desenvolvimento das próprias atividades, além da óbvia sensação de vigilância e pressão. Por também encontrarem dificuldades na relação a distância ou por negligência, há vários relatos que atribuem às chefias a insensibilidade quanto às condições de cada trabalhador na execução das atividades. Há uma preocupação muito clara quanto à atuação dos gestores (a nível local e federal) que deve pautar-se pela reprodução das práticas orientadas pelos organismos científicos de saúde, preservando a comunidade universitária de riscos desnecessários, seja nas atividades presenciais, seja na adoção de práticas indevidas com justificativa de controle sobre o trabalho remoto. Dentre as situações particulares relatadas, a mais comum é a da necessidade de cuidar de crianças e idosos, sem possibilidade de formar uma rede de apoio, pela distância ou pelo risco imposto pela própria pandemia. A adoção de um padrão institucional e o correto acompanhamento pelas chefias é fundamental para viabilizar o trabalho remoto bem feito.
    A pandemia do novo coronavírus tem efeitos permanentes na organização do trabalho e suas relações. A instituição precisa rapidamente incorporar nos seus processos, práticas que permanecerão em sua organização. Pontualmente, pode-se exemplificar que há setores da UFFS em que os TAEs tem postos de trabalho que não respeitam o distanciamento. É fundamental resolver de forma permanente, não só pelo risco de contágio, mas pela melhoria das condições gerais de trabalho. Há um reconhecimento muito positivo da iniciativa de apoio psicológico e orientações gerais desenvolvida pela DAS e que podem transformar-se em suporte permanente. De mesmo modo, compete ao SINDTAE também compreender e adaptar-se, estabelecendo um monitoramento sindical mais intenso e disponibilizando canais virtuais de comunicação permanentes. Fundamental atentar-se que o trabalho remoto aparece como possibilidade permanente. Em situação de normalidade laboral, com recursos adequados, pode significar aumento de produtividade e economia de recursos. Adotado emergencialmente e sem estrutura adequada também pode significar fontes novas de estresse, possibilidades de adoecimento e dificuldade na gestão do tempo e pela limitação de sociabilidade. 

    5. Conclusão 
    Os resultados da pesquisa são extremamente significativos de como a categoria tem vislumbrado a realidade que tem sido vivenciada por todos, e de quão conscientes estão os TAEs da UFFS com relação à gravidade da pandemia e da necessidade de seu enfrentamento amparado em evidências embasadas com o devido rigor científico. A complexidade da conjuntura traz dificuldades em podermos sintetizar correta e devidamente a situação, mas da mesma forma cabe uma tentativa desse exercício, o qual tentaremos executar a seguir.
    A principal conclusão que se obtém da análise dos resultados é o que podemos considerar como simples diante da complexidade do atual cenário: a categoria dos TAEs da UFFS entende que antes de um retorno das aulas presenciais, não existe necessidade de retorno presencial às atividades administrativas. Conforme exaustivamente exposto neste relatório, não é possível identificar razoabilidade ou motivação válida para a presencialidade das atividades dos TAEs enquanto não houver um retorno dos docentes e alunos nos campi, pois são movimentos que se interligam entre si. Portanto, sem a presença de alunos e docentes atuando nos campi, se perde completamente a necessidade de colocarmos em risco os TAEs.
    Considerando que há estudos demonstrando que para muitos têm ocorrido algumas dificuldades cognitivas para analisar a realidade, temos que repetir como forma de reforço e esclarecimento, para não deixar dúvida alguma: não há necessidade de os TAEs da UFFS retornarem as atividades nos campi sem que estudantes e professores estejam tendo aulas presenciais.
    Diante dessa constatação, a qual podemos inferir até como óbvia, desvelam-se dois cenários: o Trabalho Remoto e as condições mínimas necessárias para um eventual retorno às atividades administrativas em consonância ao retorno das aulas presenciais. Da pesquisa, é possível retirar duas conclusões principais com relação ao desempenho das atividades administrativas de forma remota: a categoria tem conseguido desenvolver, com qualidade, o devido atendimento das demandas existentes, e é possível aprimorar ainda mais o trabalho remoto a partir da adequação de algumas questões de ordem de recursos materiais e humanos.
    Conforme descrito na análise dos dados gerados pelas respostas, a categoria tem muito a contribuir nesses encaminhamentos, de modo a dar conta dos principais pontos destacados pelos colegas no item 4.1 Efeitos do Trabalho Remoto. Sem dúvidas, aqueles que vivenciam cotidianamente as consequências do trabalho remoto tem um respaldo significativo para apresentar formas de encaminhamento que melhorem o desempenho das atividades, e ainda garantindo a qualidade de vida e segurança dos servidores. E são muitas as medidas possíveis de serem adotadas, como se observa a partir do apresentado neste relatório. Há de se reforçar que a modalidade do Trabalho Remoto parece se demonstrar necessária por um tempo maior do que previsto inicialmente, portanto cabe reforçar sua manutenção a partir dos devidos ajustes que forem indicados para seu desenvolvimento.
    Já para o retorno presencial das atividades administrativas, sempre vinculado ao retorno das aulas nos campi, se faz imprescindível que a categoria seja escutada e atendida na apresentação das demandas descritas como minimamente necessárias para um retorno seguro. Seja em relação a materiais ou a atitudes, com a realização desta pesquisa, foi possível perceber que os TAEs podem indicar medidas específicas que são mais profundas do que aquelas que porventura possam ser instituídas na UFFS como um todo. Um exemplo claro é o tratamento necessário para o atendimento das bibliotecas, o qual pode não ser abordado em um protocolo de biossegurança da instituição, mas é extremamente necessário para a segurança de todos que passem pelos setores, sejam servidores, estudantes ou terceirizados. Ou seja, são movimentos concomitantes: a adoção de protocolos gerais de biossegurança, mas também de alguns mais específicos conforme as peculiaridades de cada setor.
    Portanto, de forma sintética, poderíamos concluir o seguinte: na sociedade em geral há precariedade de ações que estimulem o distanciamento social mais rígido e o decorrente declínio da curva de contágios, situação que aponta para o prolongamento do período necessário para o retorno seguro das atividades presenciais. Diante desse cenário somente o Trabalho Remoto, com suas necessárias adequações, se demonstra minimamente seguro, pois um retorno às atividades presenciais da UFFS impactam consideravelmente nos índices de isolamento social.
    Fica claro que os riscos sempre estarão presentes com um retorno às atividades presenciais, devendo ser evitado ao máximo. Isso independentemente do uso de EPIs e demais protocolos, tendo em vista o tempo de exposição e demais fatores não há garantia de que não haja contaminação. Portanto enquanto não houver disponibilidade de tratamentos consolidados ou vacinação para todos, ou mesmo que existissem meios confiáveis de rastreabilidade de contatos não é indicado o retorno.
    Por fim, como universidade com um projeto pedagógico oriundo da comunidade, a UFFS tem o dever de gerar protocolos de biossegurança que sirvam como referência para a região em que está inserida. E, enquanto entidade representativa dos técnicos que atuam nessa instituição, cabe ao SINDTAE também se adequar a essas novas realidades e seus desafios daí decorrentes. De tal feita, a executiva se compromete a buscar novas formas de atuação, estando aberta a toda contribuição que os colegas quiserem apresentar, reforçando o movimento de união da categoria para o enfrentamento desse momento inédito e desafiador para todos.
    A luta por uma sociedade mais justa se tornou ainda mais importante, e somente pensando nos fatores e ações direcionadas para o coletivo, abrangendo a maior parte possível da categoria é que conseguiremos avançar.



    SI